Certa vez, entretanto, veio sobre aquela região um frio como nunca se tinha visto. A geada cobriu os campos. As noites eram de morte, tamanha a intensidade do frio. A manada de porcos viu-se ameaçada pela friagem que tudo congelava.
Só havia uma alternativa. Os porcos precisavam se aproximar para se aquecer. Do contrário, morreriam congelados. Só o calor da proximidade dos corpos poderia afugentar o frio e garantir a sobrevivência.
E foi assim que cada porco-espinho aprendeu a se aproximar cuidadosamente dos outros, sem deixar que seus espinhos machucassem os companheiros. Cada qual se esforçava o quanto podia para partilhar o calor fraterno, sem ferir o outro, para também receber o calor que o outro oferecia. Porque ficou muito claro o seguinte princípio: Se eu firo o outro com os meus espinhos, perco seu calor fraterno e morro de frio.
Naquela floresta, a vida tomou outro rumo. E nunca mais o frio ameaçou aqueles porcos.
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