quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Alberto Caeiro

Poesia... vamos tentar
pensar menos... Sentir mais...
Sentir mais... Olhar mais... Amar mais


"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como um malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é ter inocência, 
E a única inocência não pensar..."
Alberto Caeiro


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Miudezas

"Se se agarrar à natureza, ao que ela tem de simples, à miudeza que quase ninguém vê e que tão inesperadamente se pode tornar grande e incomensurável; se possuir este amor ao insignificante; se procurar singelamente ganhar como um servidor a confiança daquilo que parece pobre - então tudo se lhe há de tornar fácil, harmonioso e, por assim dizer, reconciliador - não talvez no intelecto, que ficará atrás espantado, mas sim na sua mais íntima consciência, que vigia e sabe."

Palavras de um poeta, palavras de Rilke em cartas a um jovem poeta